Nas profundezas dos rios amazônicos, onde a água escura guarda segredos milenares, vive uma criatura mágica: o boto cor-de-rosa. Envolto em mistério e encanto, ele é o protagonista de lendas que permeiam a cultura ribeirinha, sussurrando histórias de sedução, metamorfose e encantamento.Em noites de lua cheia, quando a floresta se banha em tons prateados, o boto ascende à superfície. Em um ritual místico, ele se transforma em um jovem belo e elegante, vestido de branco, com um chapéu para ocultar o orifício que o denuncia como um ser das águas.Com um sorriso cativante e uma voz melodiosa, o boto seduz as mulheres solteiras que se banham nos rios. Ele as encanta com suas canções e danças, e as leva para um mundo mágico subaquático, onde vivem um amor intenso e passageiro.Nove meses depois, a mulher dá à luz uma criança, fruto do encontro com o boto. Dizem que a criança terá um sinal distintivo, como uma mancha rosada na pele, que a marcará para sempre como descendente da criatura encantada.Mas nem todas as histórias do boto são de amor e encantamento. Há relatos de mulheres que foram afogadas pelo boto ou que se transformaram em botos após se apaixonarem por ele. A lenda também serve como um aviso para as mulheres solteiras, alertando-as sobre os perigos da sedução e da vida nas águas escuras dos rios.A história do boto cor-de-rosa é uma rica tradição cultural que reflete a profunda relação entre o homem e a natureza na Amazônia. Ela celebra a beleza e o mistério dos rios, transmitindo valores, crenças e ensinamentos através de gerações.Mais do que uma lenda, o boto cor-de-rosa é um símbolo da cultura amazônica, um guardião dos rios e um elo entre o mundo real e o mundo mágico. As histórias sobre ele continuam a ser contadas e recontadas, perpetuando a tradição oral e mantendo viva a chama da cultura ribeirinha.