Trabalho aqui há anos e já vi muitas coisas estranhas acontecerem durante as noites sombrias entre as lápides e os túmulos. Mas há uma história em particular que ainda me arrepia até os ossos sempre que a relembro.Era uma noite de outono, com o vento uivando entre as árvores e a lua escondida atrás de densas nuvens. Eu estava terminando de cavar uma cova, quando ouvi um som vindo de um túmulo próximo. Era como se algo estivesse arranhando a superfície de dentro.Curioso e um tanto apreensivo, peguei minha lanterna e me aproximei do túmulo. O som parecia cada vez mais alto, ecoando pela noite silenciosa do cemitério. Com o coração acelerado, ajoelhei-me diante do túmulo e comecei a remover a terra com minhas mãos trêmulas.Finalmente, depois de um esforço considerável, eu consegui abrir a tampa do caixão. O que vi dentro me fez gelar até os ossos: um par de olhos vazios me encarava, sem vida, sem emoção. Era como se o próprio morto estivesse me fitando com um desejo macabro.Eu queria correr, fugir daquele lugar amaldiçoado, mas algo me impedia de sair dali. Um sussurro gélido encheu meus ouvidos, ecoando através da escuridão: 'Você não pode escapar. Este é o seu destino.'Eu tremi de medo, sentindo o ar gelado cortar minha pele. Fechei os olhos por um momento, rezando para que tudo fosse apenas um pesadelo. Mas quando os abri novamente, vi uma figura sombria se erguer do caixão, estendendo uma mão esquelética na minha direção.Não me lembro de muitos detalhes depois disso, exceto pelo frio intenso que me envolveu e pelo gosto de terra em minha boca quando acordei na manhã seguinte. Desde então, evito aquela parte do cemitério e rezo para que a escuridão nunca mais me envolva daquela maneira terrível.