A chuva era uma torrente, cegantes lâminas de água batendo violentamente contra o para-brisa. Mark praguejou, a tensão em sua mandíbula ameaçando uma dor de cabeça. Ele estava com horas de atraso e, se não comparecesse à reunião na próxima cidade, sua carreira estaria acabada.Um lampejo de movimento na beira da estrada o fez parar. Uma figura curvada sob o que poderia ser um cobertor esfarrapado, o polegar estendido no antigo sinal do carona. Mark hesitou. Encontrar estranhos em uma estrada deserta como aquela era um clichê de filme de terror, e não uma prática comercial inteligente. Sua consciência deu uma pontada desconfortável.Droga, ele murmurou, encostando o carro no acostamento. A figura esfarrapada se aproximou, revelando uma mulher encharcada e tremendo. Ela não poderia ter mais de vinte anos.Por favor, ela sussurrou enquanto ele abaixava a janela, com a voz embargada. Eu preciso sair da chuva.Algo nos olhos dela – arregalados, escuros, refletindo algo semelhante ao puro terror – fez Mark ignorar seus melhores instintos. Ele destrancou a porta do passageiro.Ela entrou, o cheiro de lã molhada e algo indefinidamente... estranho, enchendo o carro. Obrigada, ela murmurou, agarrando o cobertor em volta dela. Você não sabe como... ela parou, um arrepio percorreu seu corpo.Miles passou em um silêncio tenso. Mark arriscou uma olhada e seu sangue gelou. A pele da mulher tinha um tom anormal de cinza e seus olhos ainda mantinham aquele olhar selvagem e perseguido.Você está bem? ele perguntou, sua voz instável.A cabeça dela girou em direção a ele. Eles estão vindo, ela sussurrou, sua voz quase inaudível acima do barulho da chuva. Eles estão sempre vindo.Quem vem? Mark sentiu uma pontada de desconforto na espinha.Você verá, ela murmurou, revirando os olhos até que apenas o branco aparecesse. E então ela começou a gritar.Foi um grito desumano e de gelar o sangue, ecoando pelo carro. Mark pisou no freio, o carro derrapando.