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A Resiliência do Silêncio Hav

Rui Faria
2024-03-10 09:23:44
A Resiliência do Silêncio Havia uma figura discreta que percorria os corredores daquela empresa cinzenta. Seu nome, Augusto, era apenas um eco nos corações dos colegas de trabalho. Ele não era o chefe carismático, nem o funcionário exemplar que ganhava prêmios. Não, Augusto era o homem que se escondia atrás das planilhas, o rosto que se perdia na multidão. Por décadas, Augusto dedicou-se à sua profissão. Seus dedos dançavam sobre o teclado, criando relatórios meticulosos, enquanto sua alma permanecia escondida nas entrelinhas. Ele nunca almejou os holofotes; sua satisfação vinha da tarefa bem executada, do dever cumprido. Mas o reconhecimento? Ah, esse lhe escapava como areia entre os dedos. Os aplausos eram reservados aos que gritavam mais alto, aos que se autopromoviam com eloquência. Augusto, por sua vez, era o silêncio personificado. Seu trabalho era como uma sinfonia tocada em uma sala vazia: bela, mas sem plateia. A vida, no entanto, não poupou Augusto. Acidentes marcaram seu corpo e alma. Uma queda nas escadas deixou-lhe a perna trêmula, e um acidente de carro roubou-lhe parte da audição. Mas ele não se abateu. Com a mesma resiliência que aplicava às planilhas, adaptou-se. A bengala tornou-se sua aliada, e ele aprendeu a ler nos lábios dos outros. Os colegas, muitas vezes, nem percebiam suas dificuldades. Augusto continuava a trabalhar, a sorrir com os olhos, a oferecer ajuda discreta quando alguém precisava. Ele era o homem que nunca reclamava, que nunca se queixava. A dor era sua companheira silenciosa, mas ele a abraçava como um velho amigo. À medida que os anos avançavam, as mazelas se acumulavam. A visão embaçava, e os joelhos cediam sob o peso do tempo. Augusto sentia-se diminuído, mas sua força interior permanecia inabalável. Ele não se rendia. A cada manhã, enfrentava o espelho e dizia a si mesmo: “Hoje, eu batalho novamente.”

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